sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Máfia Verde

Em 2005 houve a necessária vontade política de deflagrar uma operação na Polícia Federal contra fatos que são bem conhecidos tanto no Brasil quanto na comunidade internacional bem como objeto de abertos comentários em reuniões, conferências e até mesmo inúmeras publicações, ou seja, o Desmatamento Criminoso na Amazônia.
Tudo indica que o elemento que estimulou a tomada desta decisão foi o desmatamento recorde ocorrido em 2004. Esta má notícia ajudou de alguma forma a Ministra do Meio Ambiente, pois contribuiu para que se utilizasse imediatamente parte das informações que a Polícia Federal junta, há tempo, sobre aquela verdadeira MÁFIA VERDE mantida graças à impunidade generalizada existente no Brasil e em especial na Amazônia.
Passado mais de uma ano, parece que pouca coisa mudou neste cenário devastador. Em primeiro lugar, a Justiça não julgou efetiva e tempestivamente todo os acusados, especialmente pelos maus antecedentes da própria justiça daquela região.
Em segundo lugar, o governo não consolidou a operação, nem tão pouco a estendendeu para outros estados, principalmente Pará e Rondônia, onde o mesmo esquema existe e é igualmente conhecido.
Finalmente, notamos que a Polícia Federal não foi capaz nem teve mandato, para focar também os outros principais setores que compõem esta MÁFIA VERDE, ou seja, a grilagem de terra e o licenciamento de atividades agropecuárias. As prisões seriam muitas no caso da grilagem, entre agenciadores, cartórios, fazendeiros, políticos, funcionários do INCRA e dos órgãos de terra estaduais. E, no caso da atividade agropecuária, deveria se focar a verdadeira indústria de outros documentos que constituem, assim como as autorizações de transporte de produtos florestais, uma moeda paralela no mercado local, como os Termos de Ajustamento de Conduta. Tais documentos foram distribuídos generosamente, por exemplo, pelos mesmos responsáveis da FEMA que foram presos por conta da corrupção madeireira.
Fica provado que a tal "vontade política" aumenta e diminui com extrema rapidez, e se a operação não se ampliou até agora, já se perdeu o momento propício para que isso aconteça.
Agora, é tarefa do Ministério Público e das entidades que compõem a Sociedade Civil Organizada VIGIAR para que algo seja feito, de fato e com extremo rigor, contra esta intocável MÁFIA VERDE.

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