De nada adianta falarmos em empresas-cidadãs se não houver a devida preocupação com a sua cadeia produtiva. Estão sendo iniciados alguns movimentos neste sentido, mas ainda de forma tímida. Porém, isso deverá ser buscado e implementado rapidamente pelas empresas para que a Gestão Responsável - a qual chamamos de Tripla Responsabilidade Corporativa (conduta ética e responsabilidade social e ambiental) - possa ser exercida também pelos stakeholders da cadeia produtivia (fornecedores, parceiros comerciais e prestadores de serviço) com total envolvimento e comprometimento.
Vejamos um fato grave envolvendo a Cadeia Produtiva das Mineradoras no Estado do Pará. A questão é bastante inusitada, pois contraria os direitos humanos e trabalhistas, prejudica o meio ambiente e o mais impressionante, nenhuma das autoridades brasileiras que poderiam e deveriam tomar alguma providência, ficam inertes e os envolvidos continuam impunes; os governos fazem vista grossa com receito de perder arrecadação; e as empresas beneficiadas, escondem toda a sujeira debaixo do tapete.
Tudo começa pelo desmatamento ilegal da floresta amazônica no Pará. Inúmeros caminhões, transportando esta madeira ilegal, trafegam tranqüilamente até as dezenas e dezenas de carvoarias, também ilegais, que trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana e empregam informalmente centenas de pessoas em condições sub-humanas, tudo para suprir de matéria-prima (carvão) às mineradoras da região.
E tudo isso, para que? A resposta é total e exclusivamente econômica, sendo deixado em segundo plano: o social, o ambiental e a ética.
O Estado do Pará começou o século XXI produzindo pouco mais de US$ 2 bilhões em minérios e chegará ao final desta primeira década próximo da marca de US$ 10 bilhões em vendas, principalmente ao mercado externo.
As estimativas apontam que em 2010, o PIB do Pará passar à frente de Minas Gerais, o maior minerador brasileiro ao longo dos últimos três séculos. Mas não é só isso! A importância do Estado do Pará em 12 commodities se tornará mundial, sendo o minério de ferro o principal, além disso deverão estar funcionando mais cinco minas de cobre em Carajás, que se consolidará, então, como a maior província mineral do planeta.
Atualmente o Pará, é o sétimo maior exportador do Brasil e o quinto em saldo de divisas, mas em 2010 poderá estar gerando US$ 8 bilhões líquidos para as contas externas nacionais, uma contribuição que apenas duas ou três outras unidades da federação também poderão dar.
Mas, de nada adiantará continuarmos com todo esse desenvolvimento não sustentável, pois com o aumento da consciência coletiva e a preocupação de governos, de empresas e de toda sociedade mundial, este "progresso" no Pará poderá acabar.
Será que os compradores internacionais conhecem como grande parte deste minério é produzido aqui no Brasil?
Por fim, enviamos E-MAIL à todas as instituições revestidas de autoridade para que façam a sua parte e coibam tais atitudes. Os cidadãos, a sociedade e o meio ambiente agradecem!
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