Neste semana se comemora o Dia da Criança e com ele, a expectativa de incremento nas vendas do comércio. De acordo com a Abrinq – Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos a estimativa para 2006 é faturar R$ 1 bilhão, sendo 40% com a venda de bonecas.
Tradicionalmente, o Dia das Crianças representa 40% das vendas do mercado de brinquedos, sendo maior até que o Natal com 30% das vendas do setor.
Se a geração das mães das crianças de hoje brincava de boneca até os 12 ou 14 anos, agora as meninas a partir dos 7 anos já se interessam por brinquedos que imitam os adultos, como telefone celular, maquiagem e equipamentos tecnológicos. Sabedores desta tendência, outras empresas estão aproveitando esta época para tentar aumentar suas vendas. É o caso da indústria de telefones celulares e as operadoras de telefonia móvel - não satisfeitas com os resultados já alcançados com o público jovem e adulto no Brasil - desejam ver também nossas crianças de posse de um telefone celular de verdade. Evidentemente, de carona estão os comerciantes.
Nada contra a estratégia empresarial e a busca por novos mercados que, felizmente, passará pelo crivo dos pais - em presentear ou não uma criança com seus 6, 7, 8, 9 ou mesmo 10 anos de idade com um telefone celular em detrimento a um brinquedo - mas, o que deve ser coibido é o tipo do marketing utilizado por algumas empresas ávidas em aumentar seus lucros, deixando de lado a responsabilidade social e o que é pior, ferindo as próprias Novas Normas Éticas para a Publicidade de Produtos destinados às Criança e aos Adolescentes do CONAR – Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária que entraram em vigor em meados deste ano. O Artigo 37, deste que é o Código de Ética na Publicidade, determina:
Art 37 – Os esforços de pais, educadores, autoridades e da comunidade devem encontrar na publicidade fator coadjuvante na formação de cidadãos responsáveis e consumidores conscientes. Diante de tal perspectiva, nenhum anúncio dirigirá apelo imperativo de consumo diretamente à criança. E mais:
I – Os anúncios deverão refletir cuidados especiais em relação à segurança e às boas maneiras e, ainda, abster-se de:
.......
f) empregar crianças e adolescentes como modelos para vocalizar apelo direto, recomendação ou sugestão de uso ou consumo, admitida, entretanto, a participação deles nas demonstrações pertinentes de serviço ou produto.
Por todos estes motivos, não concordamos com o tipo do encarte promocional da Pernambucanas com o apoio das operadoras Claro e Tim - enviado a milhares de potenciais consumidores através dos jornais do último domingo - que acabam por sugestionar e induzir crianças a comprar um telefone celular. No referido encarte constou até o Selo de Empresa Amiga da Criança da Fundação Abrinq (organização que possui um trabalho exemplar na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes).
Será que a Pernambucanas e seus parceiros anunciantes são mesmo "amigos das crianças"?
Um comentário:
Pior do que vender celular para crianças, as Pernambucanas fizeram propaganda enganosa durante a semana que antecedeu o dia 12 de outubro, garantindo entrega para o dia 11, em compras feitas até o dia 10. Meu filho de 5 anos ficou sem presente e muito frustrado, depois de passar o dia debruçado na janela aguardando o caminhão da loja chegar. No dia estipulado para a entrega, às 15h, liguei para confirmar e foi confirmado que meu produto estava em rota de entrega desde as 12h. Hoje, segunda-feira, liguei e a atendente informou que minha mercadoria nunca esteve em rota de entrega, já que a transportadora só encaminhou o produto hoje, às 9h. Como acreditar numa loja dessas?
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