sexta-feira, 1 de junho de 2007

Modelo de Gestão no Mercado do Etanol

O etanol passou a fazer parte da agenda política de inúmeros países. Até o maior defensor do combate imediato às causas do aquecimento global, o ex-vice-presidente americano, Al Gore, declarou recentemente que, "os biocombustíveis poderão ser parte da solução", porém destacou "os perigos que uma desenfreada política de incentivos a esse combustível poderá resultar na diminuição desnecessária dos bosques e da redução da oferta de alimentos no planeta".

Quando a comunidade internacional fala em etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, a primeira palavra que vem a mente de todos é: Brasil! Isso mesmo! Nosso país é o único no mundo a deter toda a tecnologia para a produção desse Combustível Responsável e, de acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é ambientalmente uma opção melhor do que aquele feito do milho, como nos EUA.

Entretanto, submerge o lado negativo da questão que, aliado ao pouco caso que o Brasil lida com a proteção e preservação da Amazônia (veja post um contra-senso irresponsável) - fato que nos coloca como o 4º maior emissor dos gases de efeito estufa (GEE) - são destacadas às condições insalubres encontradas na cadeia produtiva do etanol brasileiro (trabalho escravo, mão-de-obra infantil, exploração subumana dos trabalhadores, condições de trabalho prejudiciais à saúde e falta de assistência as comunidades próximas as usinas e canaviais) e também os danos que a atividade impõe ao meio ambiente por causa das queimadas.

Apesar da primeira certificação mundial feita, exclusivamente, para a cadeia do etanol ser brasileira e que deverá receber o Selo Grün Pass do Grupo Tüv, além do processo de elaboração de normas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) para conceder o Selo de Sustentabilidade a partir de 2008, a gestão irresponsável do setor sucroalcooleiro nacional poderá ser o grande entrave para a expansão dos biocombustíveis, porque os agentes internacionais desaprovam um combustível responsável do ponto de vista ambiental e irresponsável do ponto de vista social (esses impactos sócio-ambientais serão debatido no evento Ethanol Summit a ser realizado nos próximos dias 4 e 5 de junho em São Paulo).

Mas, um grande exemplo está vindo de Alagoas e poderá ser um Modelo de Gestão Responsável a ser adotado por outras empresas do setor e até mesmo, passar a ser exigido pelos governos para contaminar todo o Mercado de Etanol nacional.

Trata-se da USINA CORURIPE fundada na década de 20 e proprietária de 356 mil hectares de terra no município de Coruripe-AL, sendo 7.500 hectares reserva florestal e, atualmente, 28.500 hectares são cultivados com 75% da área irrigada, resultando no corte de 3 milhões de toneladas de cana a cada ano, metade se transformando em etanol e a outra metade em açúcar.

A Usina Coruripe, gera energia limpa e renovável através do sub-produto do processo produtivo, o bagaço de cana, e as chaminés da geradora de energia são equipadas com filtros para seqüestrar o CO2 e assim, a usina não despeja uma só grama de dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, já está em avançadas negociações para comercializar os seus créditos de carbono com um grupo da Inglaterra que deverá pagar R$ 6 milhões pelas 200 mil toneladas geradas até 2.012.

Como se não bastasse, a Usina Coruripe tem um trato diferenciado com seus mais de 3.800 cortadores de cana em época da safra. Veja só: antes do início da jornada, todos os trabalhadores fazem exercícios de aquecimento físico; os taliões de cana estão equipados com banheiro e água gelada; na hora do almoço, um local coberto para que todos possam comer na sombra, com o mínimo de conforto; e, as agrovilas contemplam quartos e banheiros coletivos para os funcionários, com enfermeira 24 horas por dia e médico duas vezes por semana.

Realmente, este é um exemplo a ser seguido... Parabéns, Usina Coruripe!

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