Neste mês de maio, foram divulgados os resultados da inédita pesquisa Perfil do Congresso e Percepção sobre as Reformas e Agenda Política realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o objetivo de traçar um fiel diagnóstico (não partidário) sobre os problemas estruturais que afligem e assolam o nosso país.
Para nossa surpresa, o levantamento demonstrou que 73% dos parlamentares entrevistados, indicam que os desvios de conduta são influenciados pelo próprio “sistema político”, ou seja, a barganha e as negociações historicamente entranhadas na política nacional e, apenas 21% afirmam que esses desvios são de ordem pessoal. Como diria o jornalista Boris Cazoy: Isso é uma vergonha!
Mas, os atos de corrupção não fazem parte somente do ambiente público, ele também é verificado no mundo dos negócios, especialmente, no ambiente interno das empresas e foi isso que um estudo realizado por uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, a KPMG, constatou.
Os entrevistados - 100 executivos da alta cúpula de multinacionais de 21 países, incluindo o Brasil – foram unânimes em afirmar das crescentes dificuldades que as transnacionais vêem enfrentando para frear as fraudes cometidas por colaboradores e fornecedores em suas subsidiárias instaladas nos quatro cantos do planeta e, a maioria delas, assumem não estarem preparadas para investigar ou coibir este tipo de ato.
A pesquisa não separou os dados relativos ao Brasil, mas segundo a KPMG o nosso ambiente corporativo está mudando influenciado, especialmente, por legislações de outros paises como a Sarbanes-Oxley (SoX) envolvendo as companhias listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) e na Nasdaq, inclusive com a obrigadoriedade na elaboração e adoção de Códigos de Ética, com cláusula de proteção aos funcionários que denunciarem qualquer tipo de desvios de conduta, conflitos de interesse ou irregularidades à direção da companhia.
Além dos problemas ligados à imagem e reputação corporativa, os estratosféricos valores envolvidos nas fraudes são também uma justificável preocupação, pois acabam desvalcando os cofres e, consequentemente, reduzindo os resultados financeiros. Segundo, a Association of Certified Fraud Examiners (ACFE) que congrega os maiores especialistas americanos em investigações de golpes nas empresas, estima que a corrupção corporativa fica com 5% das receitas das empresas americanas, ao algo em torno de US$ 652 bilhões.
Pegando o mesmo percentual estimado nos EUA e aplicando sobre o faturamento das 1.000 maiores companhias do Brasil (R$ 1,2 trilhão em 2.004) teríamos R$ 60 bilhões desviados do bolso das empresas para o bolso dos funcionários e fornecedores corruptos.
Quais os motivos que levam um homem a atravessar a gratificante linha da ética, da honestidade e da integridade, e passar para o lado da má conduta?
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